terça-feira, 23 de outubro de 2007



APRENDENDO COM AS ÁGUAS

Assim como as águas cristalinas do ribeirão fluem entre as pedras, seguindo seu curso em direção ao rio, da mesma forma nossa vida, em seu dia-a-dia, pode e deve deixar-se fluir também. Ao presenciarmos imagens de águas transpondo, com naturalidade, os obstáculos das pedras e ao ouvirmos os sons por elas produzidos, percebemos em nós algumas sensações que nos acalmam e relaxam. Nossa vida parece ter uma certa afinidade com essas águas correntes. Conscientizamos-nos de que nossa vida possui pontos em comum com elas: nossa vida também flui.
O obstáculo das pedras não modifica a água em sua essência. As pedras podem até torná-las mais limpas. É assim que funcionam alguns dos sistemas de filtragem de água. É claro que nossa vida não tem a mesma facilidade da água para fluir. Sua capacidade de deslizar entre as pedras (obstáculos) é muito maior que a nossa. Ela não cria dúvidas como nós. Ela não pergunta se é por aqui ou por ali, como costumamos fazer. Relutamos em, simplesmente, adaptarmo-nos ao meio em que nos encontramos.
Assemelhamo-nos e diferenciamo-nos das águas correntes. Diferentemente delas, temos consciência (mesmo que limitada) de nós mesmos e do caminho que estamos percorrendo. Quanto a este último podemos mesmo trocá-lo, mudando a direção para onde nos dirigimos, se assim escolhermos ou algum obstáculo intransponível obrigar-nos a isso. Definida a nova direção, no entanto, devemos permitir que nossa vida deixe-se fluir novamente.
Os obstáculos não só atrapalham. Podem servir para ajudar no aprofundamento do sentido de nós mesmo e de tudo o que nos acontece ou deixa de nos acontecer. Se modificações não se dão no curso do rio, podem se dar na qualidade das águas. Estas podem se tornar mais limpas e cristalinas, com excelente qualidade. Tudo depende da boa fluição, da boa interação, da maneira como se dão as trocas, como estas são entendidas e processadas.
Temos muito a aprender com a natureza. Ela é uma grande mestra da vida. Com ela partilhamos o nosso viver e dela podemos extrais boas lições, desde que a entendamos como tais.

terça-feira, 11 de setembro de 2007


Tento virar à direita, dá medo.
Penso em virar à esquerda, falta coragem.
Só queria saber quem sou
O que faço
Para onde vou,
Desatar os nós
Parar de sacrificar a minha vida
E de me esconder de quem realmente sou.

Sou o palhaço do meu riso
O poeta da minha dor
O senhor do que sei
O escravo do que não sei
Sou o papa da minha religião
O par perfeito para a minha solidão
A senha dos meus segredos
O sono ideal para os meus sonhos
O chão para a minha queda.

Olhos que não chegarão a ver.
Boca que não proferirá uma palavra,
Que não chamará por ninguém.
Mãos que não poderão tocar a face de quem queria carinho.
Pés que não correrão para o abraço.
Abraço interrompido pela estupidez.
Palavras silenciadas pela ignorância.
Mãos cortadas pela inconseqüência.
Boca fechada pela irresponsabilidade de quem não pensa nos seus atos.
Olhos tapados por quem tem medo de enfrentar os erros cometidos.
Que venham novos ventos que sejam capazes de levar os tormentos desse tempo, onde o individualismo e egoísmo reinam.
Que esses ventos varram a hipocrisia desses nossos dias.

Amor com o poeta


Eu tirei a roupa de Caetano
Por toda a noite fiz amor com ele.
Ele não resistiu
Se entregou aos meus carinhos
Saciou os meu desejos.
Me entreguei totalmente
Para que ele me penetrasse
Por todos os poros
Rompendo todos os espaços
Dominando todos os sentidos,
Sem correr; bem devagar.
A noite foi perfeita.
Fiz amor com Caetano,
E descobri o quanto o amo.

Estou carregando um sorriso nos lábios
E uma dor no coração.
Estou demonstrando uma alegria inocente,
Mas estou sufocado pelo sofrimento.
Estou cantando para esconder as dores e soluços do meu coração.
Meu íntimo está sendo o esconderijo das minhas dores e mágoas,
Que insistem em não fluir, que querem ficar amarradas por toda a eternidade no recôndito do meu ser.
Estou mostrando o que não estou sentindo,
O que não é verdade em mim.

domingo, 2 de setembro de 2007

CALA A BOCA NEGRO!


Cala a boca negro!...Respire um pouco e prossiga com a sua fala.Cante se for capaz e grite se for preciso,mas não deixe de manifestar o quanto és um braço forte.

Cala a boca negro!...E deixe o seu coração pulsar no compasso do batuque dos tambores dos congos, deixando nítido que está bem vivo para enfrentar tudo o que vier e como vier, afinal és brasileiro e quem é desse solo "não foge a luta e nem teme,quem te adora,a própria morte."

Cala a boca negro!...E mostre os seus dentes, pois são sinônimos de saúde e de vitalidade, assim é capaz de repudiar e buscar os seus direitos, afinal a mãe pode ser gentil, mas alguns filhos são covardes, pois quem não tem argumento, ofende.।

Cala a boca negro!...E manche com a sua melanina o muro mais branco e deixe a sua mensagem, que eles é quem são homens de cor, que mutam ao longo da vida e tentam ser como você se bronzeando artificialmente.

Cala a boca negro!... E escreva poemas,livros e epopéias,pois não adianta usurpar Castro Alves,diga você mesmo o que tem que dize,mas diga bem dito, pois negros não tem missas de te-deum em seus centenários.

Cala a boca negro!...E "se ergue da justiça clava forte", pois se Deus é por ti,essa na terra não te faltará. caso contrário faça um despacho e peça ajuda aos orixás.

Cala a boca negro... E vá a luta!

Júnior Vianna
Teresina , 29 de agosto de 2007
Ao amigo Lameck Valentim alvo do pelourinho verbal

sábado, 14 de julho de 2007

DURANTE MUITO TEMPO




Hoje olhei-me de frente,
Olhei-me de perfil e de costas.
Olhei-me por dentro.
Há tempos eu desejava fazê-lo.
Vi em mim um ser arruinado.
Vi cinzas.
Vi derrota
Vi o fracasso perante
Ao sentimento sublime e indomável
Que há tempos e tempos
Apossara-se de mim pela eternidade.
Cresci.
Envelheci.
Acho que vivi.
Olhei-me hoje e vi um ser ambíguo,
Fumando com tamanha graciosidade que chegava mesmo a ser sutil.
Em outros tempos, o mesmo ser não terá forças o suficiente
Para manter entre os dedos algo que
Ele acredita ser seu companheiro.
Fumou...
...E quando engoliu a fumaça,
Sentiu retornar para dentro de si
Tudo o que nunca havia saído.
Nem tão pouco sairá...
Pois ele insiste em querer
Eternizar-se.

Um louco


Afaste-se de mim
Sou louco.
Sou um perigo para a humanidade.
Afaste-se de mim.
Ninguém tente ser meu amigo
Ninguém tente me abraçar
Ninguém tente me beijar.
Afaste-se
Sou louco.
Sou diferente. Quero a paz.
Quero a alegria.
Busco a felicidade.
Acredito na solidariedade.
Sonho com justiça
E amor entre os povos.
Quero um mundo diferente
Afaste-se de mim.
Sou um perigo para o mundo.
Tento fazer as pessoas olhar a vida com seriedade
E viver o que elas têm de melhor.
Afaste-se de mim.
Ou me dê a sua mão.

METADES


Metade de mim é segredo.
Outra metade, revelação.
Metade de mim é solidão.
Outra metade, liberdade.
Metade de mim é medo.
Outra metade, coragem.
Metade de mim sofrimento.
Outra metade, felicidade.
Metade de mim é dor.
Outra metade, alegria.
Metade de mim é desespero.
Outra metade, calmaria.
Metade de mim é timidez.
Outra metade é desejo.
Metade de mim sou eu.
Outra metade é você.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Sem Dor


Sem dor,
Eu rasguei minhas carnes,
Minha pele, minha casca,
Meu âmago,
Minhas mais profundas e incomunicáveis entranhas...
Sem dor,
Eu dei os mais violentos tapas
Nas faces dos meus melhores amigos
E cuspi em um mar de sangue
Que escorria de minha própria alma...
Sem dor
Eu gritei obscenidade aos idosos,
Utopias aos políticos,
Ofensas aos mais velhos
E calei-me para morder
As palavras carinhosas que eu recebi de mim mesmo...
Sem dor
Eu arranquei com as unhas das mãos e dos pés,
Todas as máscaras que em mim havia.
Mas havia mais.
Muito e muito mais.
E quanto mais eu arrancava
E via minhas caras indo ao chão, como excrementos,
Menos dor eu sentia,
Pois o orgasmo era celestial; ejaculava...
Sem dor
Eu rompi o cordão carnal que me ligava ao mundo e ao medo
De sentir culpa ou remorso...
Sem dor
Eu virei meus sentimentos do avesso, e o futuro,
Que eu conheço de cor, quebrei com um grito,
Transformando o meu eu em cacos de vidros...
Sem dor
Eu me arrasei,
Me envenenei,
Me cortei,
Me tirei a vida,
Arrastei-me pelo chão, comi a terra que meus pés pisavam,
E bebi meu suor que fedia.
Tudo isso para ver que sem dor,
Não há vida.




Lam Valentim

VALENTE VALENTIM

Parodiando uma frase de um grande artista que diz que a arte é uma mentira que nos transparece a verdade, nos faz perceber que geralmente é de talentos exorbitantes que alguns artistas despontam no cenário cultural. É notório que a velha urbe, a “abaretama torre” é uma plêiade de músicos, escritores e a pouco mais de uma década estreou nesse mundo vasto mundo um menino, que cresceu e transformou-se em anjo, pois como ele bem diz: “os artistas não tem sexo”.
Dessa maneira, esse oeirense revigorou a arte cênica local, abrilhantando ainda mais a arte mafrensina, dando vida ao velho teatro que hoje ruína, apresentando espetáculos, digamos, sem demagogia, dignos de Shakespeare. Lameck Valentim...
Valente, gerou o IPA, então o verbo se fez texto, resultando em peças que ainda hoje são bastante prestigiadas e premiadas, honrando o nome do “criador”. A originalidade moldada no velho teatro grego, o teatrólogo, autor, ator, diretor, sonoplasta, maquiador, iluminador... Valente, soube pôr uma máscara na realidade e em tom sarcástico queimar “As Bruxas de Sarieo”, aquecendo os anseios dos que querem se libertar e com a fumaça fétida da hipocrisia suja a honra dos que moldados em preceitos se revelam falsos moralistas.
Valentim Valente, como bem diz Carlos Drumonnd de Andrade, nos faz perceber que toda "história é remorso", assim o convite proposto pelo teatrólogo é fazermos uma viagem “De Cabrobó a Oeiras” e enxergarmos com os olhos da alma, a amarga e doce história do torrão querido, a Oeiras de mil máscaras e de mil e uma histórias.
Deleitar-se com as peças de Valentim Valente, é ao mesmo tempo adentrar a “Casa dos Espíritos”, é penetrar por entre móveis e paredes, vivenciando junto com uma família macabra os momentos mais fatídicos que podem existir: incestos, crimes e tudo o que de mais horripilante um ser humano pode fazer quando a fé é demasiada, claro, se pudermos chamar isso de fé.
Nem a profecia de Nostradamus é tão bem relatada como a de Valentim que em “Apocalipse” evidencia que o fim pode ser o começo, se não encararmos o amanhã como um novo dia, mas como um recomeço, onde se possa parar e fazer planos para se atingir a perfeição.
Por fim, é inefável falar desse artista Valente, Valentim, Lameck, que é um Deus quando dá vida a outros seres. Mas como diz Rachel de Queiroz: “somos imortais, mas não imorríveis”. Por isso devemos credenciar esse artista enquanto vive e reina, pois nada adianta as memórias póstumas a não ser as lágrimas do arrependimento.


Uma homenagem de JUNIOR VIANNA
do blog
http://www.mosaicodavila.blogspot.com/

Estou aqui!

  No meio das voltas e reviravoltas, aqui estou eu. Mesmo quando a vida parecia virar as costas e os supostos "amigos" desaparec...