quarta-feira, 4 de março de 2020






Eu escolho fazer da minha vida algo bom. Eu escolho os combates que quero travar e me recuso os pequenos desgastes que não me conduzem a nenhum lugar. Eu seleciono quem estará ao meu lado nas trincheiras, e me permito escolher minhas amizades. Eu escolho a atrevimento de querer ser feliz todos os dias e persisto em abandonar o sofrimento para as ocasiões verdadeiramente dolentes. Eu escolho me empenhar com a coerência, com o discernimento entre o vitimismo e o inquietante, com o bom senso de apartar dores reais de dores fantasiosas. Eu escolho me habitar com quietude e delicadeza, desvendando que os embates inúteis são inteiramente irrelevantes e rejeitáveis. E, acima de tudo, eu escolho me afastar de quem se sente confortável em me desgostar, pedindo a Deus a ousadia de me amar em primeiro lugar.



Eu gosto de quem facilita as coisas. De quem assinala caminhos ao invés de propor armadilhas. Eu sou feliz ao lado de pessoas que vivem sem códigos, que estão disponíveis sem exigir que você decifre nada. O que me faz feliz é leve e, mesmo que o tempo leve continua dentro de mim. Eu quero andar de mãos dadas com quem sabe que entrelaçar os dedos é mais do que um simples ato que mantém mãos unidas. É uma forma de trocar energia, de dizer: você não se enganou, eu estou aqui. Porque por mais que os empecilhos nos desafiem o que realmente permanece, costuma vir de quem não tem medo de estar com você.



Aparar a planta é imprescindível para que ela se fortaleça e equilibre. O corte instrui e amadurece.
Ensina que há tempo para tudo, e que alguns galhos irão se soltar durante a vida, transformando a pujança da espécie; mostra que os mais fortes são aqueles que se adaptam, exatamente como dizia Darwin; instrui que alguns ramos são dispensáveis, ainda que não haja compreensão no momento; doutrina a transformarmos nossa disposição de produzir mais folhagem que frutos, a procurarmos novas escolhas, ter bravura, humildade.
Enquanto apresentarmos sorte, permanecermos jovens, esplêndidos e bem nascidos o acaso nos resguardará, mas continuaremos mais selvagens, folhagem e vegetação. E não desvendaremos quem verdadeiramente somos.
O tempo traz os cortes. E a cada corte desvendamos que algumas lesões nunca se saram e você terá que se acertar a uma forma de vida inteiramente nova.
Mesmo que seu coração tenha sido despedaçado em mil nacos, uma hora você compreenderá que é capaz de amar novamente e, se tiver sorte, amará melhor.
Já perdi amigos, me afastei de pessoas insubstituíveis, padeci desilusões absurdas, descobri que ninguém é perfeito. Fui feliz, me arremeti de cabeça, me entreguei demais, me frustrei na mesma magnitude, tive equívocos, morri de remorso.
Fui cortado pela vida, aplainado em minhas arestas, ajustado em minhas composições. Encontrei novas acomodações, me contrapesei com as perdas e desenganos, estabeleci novos caminhos. Aprendi que ininterruptamente passamos por um processo de renovação natural, como as plantas. Faz parte da vida, do processo de nos tornarmos melhores com o tempo, arrancando os galhos ruins e conservando os bons.
Aprendendo a desculpar, a pedir perdão; a perceber que o tempo leva pessoas exclusivas e deixa outras nem tão perfeitas assim; que o coração é capaz de amar novamente, mas antes deve permitir-se prantear e sepultar o amor antigo bem profundo para que ele não ressurja de tempos em tempos; aprendendo a apreciar o presente, a perceber que tudo é efêmero, os bons e maus períodos; aprendendo que algumas pessoas meramente não entendem o mundo como você, e que isso não as torna mais atrozes. Aprendendo a ter misericórdia, a espaçar seus medos remotos dos atuais.
O tempo afeiçoa as pessoas de maneiras distintas, e alguns endurecerão ainda mais com o passar dos anos. Nem todo mundo aprende, não implica quantos quedas leve. E você não pode fundamentar sua vida por essas pessoas.
A vida é muito efêmera e o script só depende de você. É assim que você se conserva vivo. Determinando ser melhor a cada dia, se consentindo chorar, se liberando a ter raiva, se desculpando por estar sem forças. Mas ainda assim confiando que uma hora, de algum modo que seria impraticável, você não se perceberá assim.



Às vezes a vida coloca algumas pedras no nosso caminho para que percebamos a realidade mais dura. Então, não há outra opção senão ser forte, conjugar a armadura com a espada, agir com inteligência e aproveitar a energia de um coração inoxidável.
O tamanho dos nossos problemas é absolutamente proporcional a nossa força, pois Deus jamais colocaria em nossa vida algum problema que não tenhamos forças suficientes para resolver e superar.
Alguns problemas podem ser difíceis de enfrentar. Mas, apoiar-se em pessoas queridas e amadas pode ser a solução para conseguir enfrentar os problemas e superá-los de forma íntegra.



Não aguardemos que o tempo nos traga problemas verdadeiros para que entendamos que sofremos tanto por problemas fantasiosos. Não esperemos que alguém nos entristeça de verdade para compreendermos que estivemos colecionando pequenos ressentimentos dispensáveis. Não esperemos a adversidade bater à nossa porta para compreendermos que éramos felizes e não compreendíamos. Precisamos deixar de levar os pequenos probleminhas do dia a dia numa arca, como se eles fossem extraordinários. Não são. Deixemos de inventar casos com quem não pensa igual a nós, como se tivéssemos o poder de dominar tudo. Não temos este poder. Paremos de findar, de tirar conclusões apressadas, de arriscar decodificar o que vai no coração do outro. O que o outro sente, reflete e aspira, só ele sabe. Lutemos pela felicidade em vez de estarmos arriscando encontrar bodes expiatórios para o infortúnio. Não tenhamos insônia por quem nos maltrata, por quem não nos quer por perto, por quem não nos procura e abdiquemos de reagir à altura de quem nos amargura por nada e faz tempestades em copo d’água por dificuldades fantasiosas.

Estou aqui!

  No meio das voltas e reviravoltas, aqui estou eu. Mesmo quando a vida parecia virar as costas e os supostos "amigos" desaparec...