terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quando precisei alçar voo


Cresci ouvindo que um dia eu teria que levantar voo, e voar pelo mundo em busca da minha felicidade. Esperei ansiosamente durante minha infância e adolescência pelo dia em que isso aconteceria. Parava, me concentrava e me via como um super-herói desses de quadrinhos. Com grandes poderes e muito potente.

Ia crescendo e cada vez mais ansioso pelo dia em que eu voaria. Nesse voo, sonhei em ter filhos, casar, sonhos comuns a todos os garotos.

Mas um belo dia, olhei-me no espelho. Olhei-me de frente, de costas, de perfil, de todas as formas possíveis, buscando um verdadeiro sentido para começar a traçar meu plano de vôo. Mas naquele momento, vi que algo estava errado. Uma grande surpresa apoderou-se de mim. Meus sentimentos já não mais eram iguais aos que meus amigos sentiam. Meus desejos passaram a ser outros. Meus anseios eram diferentes. Naquele instante vi que minha realidade também era outra. E isso me assustou mais ainda. Tudo era muito confuso, estranho, novo e complicado, e o pior: eu estava sozinho.

Momentos difíceis passei e muito delicados. Não fugi do espelho e, num outro dia resolvi encará-lo novamente. Naquele momento depois de passar por uma pedra de amolar, vi que não estava desgastado, mas afiado, e encontrei ali o Lameck que um dia sonhei que existia.

Percebi que por mais que eu viesse a fraquejar em alguns momentos, poderia sim existir um herói dentro de mim, bastava eu ter a coragem de encarar o mundo de frente e dizer: “estou aqui”.

O tempo passou e aquele momento que um dia tanto busquei chegou. É a hora de alçar voo.

Tudo foi muito difícil, mas sabia que todos aqueles acontecimentos era uma alavanca que impulsionaria o meu voo.

Imaturo, inexperiente, cheio de dúvidas e medos, sem saber ao certo para onde ir, eu voei. Sai em busca do caminho da tal felicidade. Na minha visão romântica, achei que o mundo era cor de rosa como via em filmes e novelas. Todavia percebi que voar não era tão fácil. Desistir? Pousar e voltar? Não. Resolvi seguir em frente.

Voando, enfrentei gaviões, caçadores e todo tipo de perigo que nunca havia imaginado encontrar, ou até mesmo nem sabia que existia. Com coragem e usando aquela capa heróica que a vida nos dá cheguei a um determinado lugar. No caminho havia encontrado a companhia para o voo ser mais tranqüilo. Então resolvemos criar o nosso ninho. Em um local alto e acima de todos os perigos nos instalamos, botamos ovos que representavam o amor, a felicidade, a confiança, o respeito, a alegria e todos os sentimentos que iluminavam aquele momento.

Acreditei que o ninho no alto de uma árvore iria me deixar longe dos perigos da vida. Mas aí descobri que serpentes escalam árvores e que gaviões sabem pousar.

Mais uma vez enfrentei de frente os perigos e quando achei ter vencido percebi que lobo se veste de ovelha e que o patinho lindo nem sempre é o protagonista de uma história. Me desiludi, sofri, desacreditei. Vi meus sonhos irem ao chão. Tudo o que sonhei estava escorrendo por entre meus dedos como areia. Meus sonhos não eram exatamente como imaginara. E vi o mundo ruir e a minha companhia ser levada para longe de mim. Um lugar que por mais que eu voasse, não conseguiria alcançar.

Naquele momento, me entreguei. Fiquei exposto aos raios de sol, e minhas asas foram perdendo forças. Prestes a me entregar totalmente, levantei-me e percebi que era hora de levantar voo novamente e abandonar aquela vida cheia de dores, de perigos e incertezas. Um a um fui quebrando os ovos e a cada ovo quebrado era uma facada no coração. Estava afogando meus sentimentos no fundo da alma para evitar mais sofrimentos. Então novamente eu parti.

Não quis mais voar. Resolvi caminhar acreditando que seria mais seguro e menos doloroso caso houvesse uma segunda queda. Escolhi o caminho e segui rumo ao horizonte, triste por ter perdido minha companhia, por ter que abandonar tudo, mas esperançoso que o melhor de Deus estava por vir.

Caminhei dia e noite. Os mesmos perigos encontrei. Mas já talhado pela vida, sabia como dominá-los. Então, me deparei com novos acontecimentos. Encontrei com pedras que como mágica apareciam no meu caminho e dificultavam a minha chegada em algum lugar. Sentei e, chorando perguntei a Deus: Por quê?

Levantei a cabeça e à minha frente alguém dizia: “levante estou aqui, vamos seguir juntos”.

Naquele momento um sorriso brotou em meus lábios e voltei a acreditar novamente no amor, nas pessoas.

Muitas dificuldades enfrentamos e juntos superamos os obstáculos da vida, construímos uma base e os ovos que antes eu havia quebrado foram substituídos por aço, acreditando que seriam mais resistentes. Porém, quando tudo parecia bem, quando já me enxergava como aquele super – herói que tanto sonhei, descobri que o aço também é frágil e que em meio ao fogo ele derrete e depois da chuva volta a endurecer em outro formato.

Vi minha vida e meus sonhos desabar diante dos meus olhos, minha história passou de conto para sonho. Descobri que todos aqueles desejos que um dia havia sonhado realmente eram sonhos.

Descobri que o caminho não importa, pois as dificuldades sempre vão existir. Hoje estou aqui, na dúvida. Recomeço ou desisto para sempre? A resposta pode estar diante dos meus olhos. Mas o medo e outros sentimentos talvez tapem a minha visão.
Antes de tudo, o que preciso saber é: porquê a cada conquista uma nova derrota? Porquê o recomeço é sempre meu ponto de partida? E porquê tenho que viver sempre em busca dessa tal felicidade? Porquê no final tenho sempre que quebrar os ovos? Porquê momentos felizes duram menos que os perigos? E porquê ainda insisto em amar?




terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quando o amor chegar



Para o amor chegar não há dia, não há hora e nem momento marcado para acontecer. Ele vem de repente e se instala.

Quando menos esperarmos o amor vai nos encontrar num lugar que menos pensamos. Pode ser entre as prateleiras de um supermercado, num esbarrão no meio da rua, numa fila de banco, dentro de um ônibus, no trabalho, na rua, numa mesa de bar, estando bem ou mal vestido, alegre ou triste, o amor vai chegar.

Nem a pressa nem a ansiedade vão fazer o amor chegar. A angústia pela espera, não muda nada, pois no lugar e hora certa o amor vai nos achar.

O amor tem o seu tempo e seus próprios olhos e estes olhos são diferentes dos nossos, enxergam com o coração, bem diferentes do sentido da visão.

É o olhar da intuição, que enxerga atitudes, comportamentos e emoções. O amor vê com os sentimentos da alma.

Quando o amor chega, ele embriaga com uma inebriante emoção e a vida ganha outras dimensões.

Quando ele chega, quase sempre os sintomas são arrebatadores: vira tudo pelo avesso e a bagunça feliz se instala. Quando duas almas se encontram o que realça primeiro não é a aparência física, mas a semelhança das almas. Elas se compreendem e sentem falta uma da outra. Se entristecem por não terem se encontrado antes. Afinal tudo poderia ser tão diferente.É como se elas falassem além das palavras, entendessem a tristeza do outro, a alegria e o desejo, mesmo estando em lugares diferentes. Quando almas afins se entrelaçam passam a sentir saudade uma da outra.

O amor quando chega, cobre a alma com uma aura de luz, que deixa sorrisos bobos, olhares perdidos, passos desconcertados e passamos a ver a beleza da vida em coisas que antes nem eram notadas.

Quando o amor chegar, vai te deixar sem saída. Então deixe ele invadir a sua vida, entregue - se a esse sentimento.
Por que o amor virá. Talvez quando menos esperarmos. Mas vem. Enche o quarto, a cara da gente, a vida toda de sorrisos. Bambeia as pernas, faz tremer as mãos, provoca frios e calores.

Chega e nos preenche.

E aí a gente joga o resto para o alto e vive com intensidade.

Estou aqui!

  No meio das voltas e reviravoltas, aqui estou eu. Mesmo quando a vida parecia virar as costas e os supostos "amigos" desaparec...