segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tem certas coisas que eu não sei dizer






Nos últimos dias, ou melhor, meses, a vida tem me proporcionado lições incríveis. São ensinamentos que ora vem claramente, cristalino, ora me vem de forma que preciso sofrer um pouco para entender que lição está ali por trás.

É como disse Cecília Meireles: “Aprendi com a natureza a me deixar cortar para voltar sempre mais inteira”.

Nesse período tenho me cortado muito, passado por dores que julgava ser insuportáveis. Houve momento, que quando dava grandes e escandalosas gargalhadas estava na verdade querendo esconder as dores e soluços do meu coração. Houve momentos em que meu coração sangrou, por amar demais. O amor que sentia era tão forte, e dar esse amor, a quem por momentos vi que não valeu a pena, foi como um punhal cravado em minha alma. E meu coração sofreu...

Mas valeu a pena sim. Ficaram cicatrizes. Mas elas me lembram do quanto fui feliz, de quantas lições eu tive por amar demais, amar demais quem não era digno desse sentimento. Das noites em que fiquei sem pregar o olho por pensar na “pessoa amada”. Quando olho para as cicatrizes lembro-me de quanto “clube social” comi para conter a ansiedade de ficar olhando para o telefone a espera de uma ligação. Ligação que nunca veio. Quando vejo essas cicatrizes, lembro dos encontros que nunca ocorreram por que quem vinha ao meu encontro, no caminho encontrou algo mais interessante a fazer do que estar comigo. Vendo minhas marcas, vejo também o travesseiro que guardei para a cabeça de quem amava, e esta cabeça nunca veio repousar ao meu lado. Minhas cicatrizes, me lembram as vezes em que ouvi “eu te amo” apenas para me fazer feliz por um instante. Essas marcas me lembram o dia triste, em que em meio às lágrimas, pensei em pedir: “se o amor acabou, minta. Continue a dizer que me ama. Não quero a verdade, quero é ser feliz”. Mas também olho para estas cicatrizes e fico feliz, por que quando mais estava fraco, consegui forças e não disse isso. Por isso valorizo cada uma das minhas cicatrizes, elas me fazem lembrar do quanto sofri.

Onde e quando não estamos aprendendo? Quando essa aprendizagem termina? Nunca. A vida sempre nos ensina; as pessoas e as situações, os acontecimentos, todos eles nos ensinam.


Por um instante achei ter virado a página. Um novo amor chegou. Como nunca, fui feliz!! Mas a vida trouxe e para longe levou. Doeu, fiquei triste, questionei a Deus por que isso. Mas, mais uma vez aprendi a suportar esse percalço e me fiz forte. Minha batalha, passou a ser o tempo, a distância. Ganhei novos e inesperados amigos: o telefone, o computador, tudo para aliviar a saudade que me consumia a cada dia. A distância fortalece, amadurece, mas também provoca esquecimento. Na distancia outras possibilidades surgem, novas amizades, novos amores. E tudo se esvai. Fica apenas um coração que amou...

Me defronto com experiências sempre novas. Novas emoções, novas sensações, novas vivências. E confesso que às vezes nem sei como lidar com tudo que acontece. Às vezes queria entrar numa concha deixar que as situações se acomodem e só depois sair de lá. Às vezes fico indeciso. E indeciso, paro. Ai preciso mais do que nunca dos amigos, que felizmente nesse quesito sou abençoado. Poucos. Mas raros e necessários. Sem eles desabaria! Também se aprende errando. Aprende-se arriscando, Aprende-se com a imobilidade. E eu tenho me feito um constante aprendiz!!

Para estar mais forte hoje, cortei minha carne, fui às profundezas das minhas entranhas, em busca de forças. Sozinho, chorei noites inteiras, amarguei terríveis insônias. Sozinho. Não por não ter com quem partilhar. Mas por que era preciso estar só pra descobrir, que precisava me cortar para voltar mais forte.

Não sei se já estou assim, mais forte. Mas ao menos já consigo olhar para trás, e não me ver mais tão dependente de um sentimento que me escravizou.

Kalil Gibran dizia que “O verdadeiro amor nunca acaba, apenas se transforma”. Não sei ainda no que o meu se transformou. Espero que com o tempo, ele seja ao menos uma boa amizade.

Tenho certeza, que as escolhas que fazemos, é que ditam a vida que levamos. Estou sendo verdadeiro com meus sentimentos. Ao menos tenho tentado. Sinto que é hora de voar... Como uma borboleta estou me desfazendo de um casulo que me prendeu por um longo tempo...


P.S. Essa crônica é um e-mail enviado à minha amiga Milena Palha, compartilhado também com os amigos Adaljerry Ferreira e Martinha Viana, em 02/12/10 às 00h12.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O mundo caiu


Buscava constantemente a felicidade. Sabia que um dia, em algum lugar a encontraria.


Naquela noite quente saiu pela cidade sem destino, sem saber aonde ir e o que fazer. Sentou-se num bar, pediu uma bebida e enquanto a degustava observava as pessoas à sua volta.


Tudo e todos lhe pareceram estranhos. Nada prendia a sua a atenção, nada despertava o seu interesse. Levantou-se, pensou em ir embora, quando de repente seus olhos cruzaram outros olhos que lhe enfeitiçaram. Um sorriso lindo lhe encantou. Não tirava os olhos daquela miraculosa aparição.


Seu corpo estremeceu e as palavras não saiam. O olhar disse tudo o que não conseguiu verbalizar. Eram como se das pupilas saíssem coraçõezinhos e ouvisse tocar sininhos. Sentiu que ali nascia a sua felicidade.


Cumprimentaram-se e resolveram sair para um lugar onde pudessem conversar com mais tranquilidade para que se conhecessem melhor.


Escolheram um barzinho num local afastado, onde tomando um bom vinho ao som de uma boa música puderam falar de suas vidas, sonhos, anseios, projetos, de forma que a cada palavra uma onda de encantamento os consumia. Sentiam que estavam diante da felicidade.


Aquela noite de encantamento terminou num outro local, onde puderam se entregar sem reservas um ao outro, num momento de intenso amor.


Amanheceu e retornaram para suas casas. Durante o dia a troca de mensagem e ligações telefônicas foi intensa.


Os dias que sucederam foram de alegria e felicidade. Sentia que tudo o que havia procurado havia enfim encontrado. Era como se fosse um sonho, onde tudo era perfeito. Todos os dias se encontravam e se entregavam aquele sentimento forte que os unia.


O mesmo destino que de forma rápida e inesperada os uniu, também os separou. No dia em que comemoravam a felicidade com mais uma romântica noite de amor. Recebeu a notícia que teria que mudar-se para outro estado por conta do trabalho. A partir dali a comunicação seria apenas por meio eletrônico.


Lágrimas rolaram de suas faces. Pensavam um no outro, na forma como estavam ligados e vivendo essa história de felicidade e como viveriam dali em diante. Nada poderia ser feito para mudar esse destino.


A tristeza tomou conta. A felicidade acabou. O mundo caiu. Pois não importa o quanto os dias sejam perfeitos. Um dia eles terão que acabar.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Quando precisei alçar voo


Cresci ouvindo que um dia eu teria que levantar voo, e voar pelo mundo em busca da minha felicidade. Esperei ansiosamente durante minha infância e adolescência pelo dia em que isso aconteceria. Parava, me concentrava e me via como um super-herói desses de quadrinhos. Com grandes poderes e muito potente.

Ia crescendo e cada vez mais ansioso pelo dia em que eu voaria. Nesse voo, sonhei em ter filhos, casar, sonhos comuns a todos os garotos.

Mas um belo dia, olhei-me no espelho. Olhei-me de frente, de costas, de perfil, de todas as formas possíveis, buscando um verdadeiro sentido para começar a traçar meu plano de vôo. Mas naquele momento, vi que algo estava errado. Uma grande surpresa apoderou-se de mim. Meus sentimentos já não mais eram iguais aos que meus amigos sentiam. Meus desejos passaram a ser outros. Meus anseios eram diferentes. Naquele instante vi que minha realidade também era outra. E isso me assustou mais ainda. Tudo era muito confuso, estranho, novo e complicado, e o pior: eu estava sozinho.

Momentos difíceis passei e muito delicados. Não fugi do espelho e, num outro dia resolvi encará-lo novamente. Naquele momento depois de passar por uma pedra de amolar, vi que não estava desgastado, mas afiado, e encontrei ali o Lameck que um dia sonhei que existia.

Percebi que por mais que eu viesse a fraquejar em alguns momentos, poderia sim existir um herói dentro de mim, bastava eu ter a coragem de encarar o mundo de frente e dizer: “estou aqui”.

O tempo passou e aquele momento que um dia tanto busquei chegou. É a hora de alçar voo.

Tudo foi muito difícil, mas sabia que todos aqueles acontecimentos era uma alavanca que impulsionaria o meu voo.

Imaturo, inexperiente, cheio de dúvidas e medos, sem saber ao certo para onde ir, eu voei. Sai em busca do caminho da tal felicidade. Na minha visão romântica, achei que o mundo era cor de rosa como via em filmes e novelas. Todavia percebi que voar não era tão fácil. Desistir? Pousar e voltar? Não. Resolvi seguir em frente.

Voando, enfrentei gaviões, caçadores e todo tipo de perigo que nunca havia imaginado encontrar, ou até mesmo nem sabia que existia. Com coragem e usando aquela capa heróica que a vida nos dá cheguei a um determinado lugar. No caminho havia encontrado a companhia para o voo ser mais tranqüilo. Então resolvemos criar o nosso ninho. Em um local alto e acima de todos os perigos nos instalamos, botamos ovos que representavam o amor, a felicidade, a confiança, o respeito, a alegria e todos os sentimentos que iluminavam aquele momento.

Acreditei que o ninho no alto de uma árvore iria me deixar longe dos perigos da vida. Mas aí descobri que serpentes escalam árvores e que gaviões sabem pousar.

Mais uma vez enfrentei de frente os perigos e quando achei ter vencido percebi que lobo se veste de ovelha e que o patinho lindo nem sempre é o protagonista de uma história. Me desiludi, sofri, desacreditei. Vi meus sonhos irem ao chão. Tudo o que sonhei estava escorrendo por entre meus dedos como areia. Meus sonhos não eram exatamente como imaginara. E vi o mundo ruir e a minha companhia ser levada para longe de mim. Um lugar que por mais que eu voasse, não conseguiria alcançar.

Naquele momento, me entreguei. Fiquei exposto aos raios de sol, e minhas asas foram perdendo forças. Prestes a me entregar totalmente, levantei-me e percebi que era hora de levantar voo novamente e abandonar aquela vida cheia de dores, de perigos e incertezas. Um a um fui quebrando os ovos e a cada ovo quebrado era uma facada no coração. Estava afogando meus sentimentos no fundo da alma para evitar mais sofrimentos. Então novamente eu parti.

Não quis mais voar. Resolvi caminhar acreditando que seria mais seguro e menos doloroso caso houvesse uma segunda queda. Escolhi o caminho e segui rumo ao horizonte, triste por ter perdido minha companhia, por ter que abandonar tudo, mas esperançoso que o melhor de Deus estava por vir.

Caminhei dia e noite. Os mesmos perigos encontrei. Mas já talhado pela vida, sabia como dominá-los. Então, me deparei com novos acontecimentos. Encontrei com pedras que como mágica apareciam no meu caminho e dificultavam a minha chegada em algum lugar. Sentei e, chorando perguntei a Deus: Por quê?

Levantei a cabeça e à minha frente alguém dizia: “levante estou aqui, vamos seguir juntos”.

Naquele momento um sorriso brotou em meus lábios e voltei a acreditar novamente no amor, nas pessoas.

Muitas dificuldades enfrentamos e juntos superamos os obstáculos da vida, construímos uma base e os ovos que antes eu havia quebrado foram substituídos por aço, acreditando que seriam mais resistentes. Porém, quando tudo parecia bem, quando já me enxergava como aquele super – herói que tanto sonhei, descobri que o aço também é frágil e que em meio ao fogo ele derrete e depois da chuva volta a endurecer em outro formato.

Vi minha vida e meus sonhos desabar diante dos meus olhos, minha história passou de conto para sonho. Descobri que todos aqueles desejos que um dia havia sonhado realmente eram sonhos.

Descobri que o caminho não importa, pois as dificuldades sempre vão existir. Hoje estou aqui, na dúvida. Recomeço ou desisto para sempre? A resposta pode estar diante dos meus olhos. Mas o medo e outros sentimentos talvez tapem a minha visão.
Antes de tudo, o que preciso saber é: porquê a cada conquista uma nova derrota? Porquê o recomeço é sempre meu ponto de partida? E porquê tenho que viver sempre em busca dessa tal felicidade? Porquê no final tenho sempre que quebrar os ovos? Porquê momentos felizes duram menos que os perigos? E porquê ainda insisto em amar?




terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quando o amor chegar



Para o amor chegar não há dia, não há hora e nem momento marcado para acontecer. Ele vem de repente e se instala.

Quando menos esperarmos o amor vai nos encontrar num lugar que menos pensamos. Pode ser entre as prateleiras de um supermercado, num esbarrão no meio da rua, numa fila de banco, dentro de um ônibus, no trabalho, na rua, numa mesa de bar, estando bem ou mal vestido, alegre ou triste, o amor vai chegar.

Nem a pressa nem a ansiedade vão fazer o amor chegar. A angústia pela espera, não muda nada, pois no lugar e hora certa o amor vai nos achar.

O amor tem o seu tempo e seus próprios olhos e estes olhos são diferentes dos nossos, enxergam com o coração, bem diferentes do sentido da visão.

É o olhar da intuição, que enxerga atitudes, comportamentos e emoções. O amor vê com os sentimentos da alma.

Quando o amor chega, ele embriaga com uma inebriante emoção e a vida ganha outras dimensões.

Quando ele chega, quase sempre os sintomas são arrebatadores: vira tudo pelo avesso e a bagunça feliz se instala. Quando duas almas se encontram o que realça primeiro não é a aparência física, mas a semelhança das almas. Elas se compreendem e sentem falta uma da outra. Se entristecem por não terem se encontrado antes. Afinal tudo poderia ser tão diferente.É como se elas falassem além das palavras, entendessem a tristeza do outro, a alegria e o desejo, mesmo estando em lugares diferentes. Quando almas afins se entrelaçam passam a sentir saudade uma da outra.

O amor quando chega, cobre a alma com uma aura de luz, que deixa sorrisos bobos, olhares perdidos, passos desconcertados e passamos a ver a beleza da vida em coisas que antes nem eram notadas.

Quando o amor chegar, vai te deixar sem saída. Então deixe ele invadir a sua vida, entregue - se a esse sentimento.
Por que o amor virá. Talvez quando menos esperarmos. Mas vem. Enche o quarto, a cara da gente, a vida toda de sorrisos. Bambeia as pernas, faz tremer as mãos, provoca frios e calores.

Chega e nos preenche.

E aí a gente joga o resto para o alto e vive com intensidade.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Perdoando mesmo que em silêncio

"Imagino que para lidar com as diferenças entre nós e as outras pessoas, temos que aprender compaixão, autocontrole, piedade, perdão, simpatia e amor – virtudes sem as quais nem nós, nem o mundo, podemos sobreviver."
(Wendell Berry)



Uma das virtudes mais difíceis de alcançar é a capacidade de perdoar! Perdão de verdade, que não seja da boca para fora, mas vindo do coração, mesmo que não seja verbalizado. Perdão que tira do peito todo ressentimento e afasta as amarguras. Perdão que sara as feridas provocadas por alguém ou por acontecimentos do dia-a-dia. Perdão que alivia a vida e nela restaura a paz. Perdão que refaz o estado anterior à dor. Perdão que tranqüiliza a mente e acalma a alma. Perdão que permite abrandar as reações e apaziguar as relações. Perdão que desfaz manchas de mágoas e cicatriza os sofrimentos.

Existem muitas maneiras de definir o perdão, porque o perdão é muitas coisas ao mesmo tempo. É uma decisão, uma atitude, um processo e uma forma de vida. Algo que oferecemos a outras pessoas e algo que aceitamos para nós mesmos.

O perdão é uma decisão, a de ver além dos limites da personalidade de outra pessoa, de seus medos, particularidades, neuroses e erros. A decisão de ver a essência pura, não condicionada por histórias pessoais, que tem uma capacidade ilimitada e sempre é digna de respeito e amor. O perdão é a opção de “ver a luz da lâmpada e não a tela”.

O perdão é uma atitude, que pressupõe estar disposto a aceitar a responsabilidade das próprias percepções, compreendendo que são opções, não fatos objetivos. É a atitude de optar por olhar para uma pessoa que talvez alguém tenha julgado e perceber que na realidade, é algo mais que a pessoa “terrível” ou insensível que vemos.

O perdão é um processo, que exige que mudemos nossas percepções uma vez ou outra. Não é algo que aconteça de uma vez por todas. Nossa visão habitual está obscurecida pelos juízos e percepções do passado projetados no presente. Nisto, as aparências nos enganam com facilidade. Quando optamos por mudar nossa perspectiva por uma visão mais profunda, mais ampla e abrangente, podemos reconhecer e afirmar a maior verdade a respeito de quem somos nós e quem são os demais. Como resultado desta mudança, surgem de um modo natural uma maior compreensão e compaixão por nós mesmos e pelos demais.

O perdão é uma forma de vida que nos converte gradualmente de vítimas de nossas circunstâncias em poderosos e amorosos co-criadores de nossa realidade. Enquanto forma de vida, pressupõe o compromisso de experimentar cada momento livre de percepções passadas, de ver cada instante como algo novo, com clareza e sem temor. É o desaparecimento das percepções que dificultavam nossa capacidade de amar.

Ao perdoar nós nos desvinculamos da tristeza, embora permaneça o registro do que vivemos. Somos capazes de lembrar sem desgosto, e depois de algum tempo, que é curador, tudo poderá ser apenas uma lembrança, nada mais. Isso é caminho para o esquecimento

O verdadeiro perdão não precisa ser dito. Ele deve ser vivido mesmo que o outro não saiba, porque, às vezes, o outro não quer mesmo saber se perdoamos ou não. Isso pode não importar para a outra pessoa, embora tenhamos marca profunda dela, como bicho que tem dono. Enquanto não perdoamos, somos prisioneiros de alguém ou de uma situação. Sem perdoar não nos libertamos.

O perdão é algo que vai além da nossa emoção, não importa se o outro sabe ou não que perdoamos. Perdoamos aqueles que nos importam e os que não têm, absolutamente, nenhum significado para nós. O amor ajuda a perdoar, e perdoamos muito por causa dele. Esquecemos em nome do amor, se é maior do que a dor que nós vivemos. E se a pessoa que nos feriu não nos importa, podemos perdoar, porque, simplesmente, não tem relevância na nossa vida a ponto de cultivarmos por ela qualquer sentimento, nem raiva, ódio, o que seja. Nós perdoamos quem amamos para desviar do ressentimento e para reconstituir e reforçar os laços que nos unem a essas pessoas. Com aquelas outras não há laços, elas não têm significado para nós. Melhor perdoar e esquecer.

O perdão flui quando conseguimos restaurar o nosso estado de felicidade, quando recuperamos o que tínhamos antes, mesmo que não seja igual ao que perdemos, e que até pode ser melhor. Quando temos de volta em nossas mãos o que nos foi tirado, nós perdoamos a quem nos tirou, ainda que não seja essa a pessoa a trazer de volta o que era nosso. Nós perdoamos quando sentimos que a vida nos devolveu o que estava perdido. É uma sensação de justiça, ainda que tardia e por outro caminho.

Daí a importância da felicidade, que é a melhor de todas as vinganças, senão a única. A felicidade nos mostra que vale a pena perdoar não só os outros, mas a nós também. Afinal, se não nos perdoamos, jamais saberemos como faz bem o perdão que se dá ao outro, mesmo que em silêncio.

Encontros e despedidas


Aprender a dizer adeus sem dores no coração é algo difícil. Principalmente quando são aquelas pessoas que ganham espaço nos nossos corações e importância nas nossas vidas.

Algumas pessoas que amei se despediram de mim pelo silêncio, outras pela ausência, e me brindaram com o esquecimento. Não sei delas, não sei por onde andam. O que fazem.

Sofri, chorei, passei dias me perguntando por que me deixaram, se eram importantes pra mim, se tinham lugar cativo no meu coração. Outras saíram de um jeito monossilábico, calando explicações que pudessem me consolar ou, ao menos, fazer entender o que aconteceu. Houve quem se afastou com um recado mínimo via computador, um meio que aproxima pessoas, mas não é suficiente para estreitar e manter laços, pois o amor requer presença, exige convívio e pede o compartilhar cotidiano.

Alguns me deixaram sem ao menos se dar ao trabalho da despedida, apenas sumiu no tempo e este ficou responsável pelo afastamento definitivo. Não houve adeus, e isso manteve a esperança de um retorno, que jamais aconteceu.

Algumas pessoas eu deixei por opção ou necessidade, dizendo pouco do que confidenciaria meu coração se pudesse falar sem machucar, e por não saber recolher palavras que não ferissem mais do que o rompimento, por iniciativa minha. Eu as deixava, mas essa escolha não incluía criar feridas, porque delas conhecia as cicatrizes.

Muitas perdas foram irremediáveis, sem solução, sem tempo para despedidas, sem acenos de adeus. Os que morreram levaram a palavra que não foi dita, a emoção não-traduzida, o sentimento que restou de tudo o que foi vivido. O elo se manteve e o esquecimento não veio.

Existem aqueles que saíram da minha vida pela distância, pela falta de oportunidade de retomar o contato. Quando tentei reencontrá-las, estavam longe demais de mim e já não podia alcançá-las com meu carinho ainda existente. Não havia espaço para mim na vida delas, mas eu as mantinha comigo, apesar disso e por não ter ouvido um adeus.

Houve, ainda, quem escolhesse o afastamento lento, devagar, feito aos poucos, de modo quase imperceptível. Quando vi, não estavam mais comigo, mesmo que não tivessem se despedido. Contudo, não os esqueci.

Outros romperam comigo do jeito que mais castiga as emoções, carregados de dores. Uma briga que jamais foi esclarecida, uma mágoa não superada, uma atitude que não foi compreendida e o rompimento se deu de forma inevitável. Não houve um adeus, pois esta palavra é muito forte e parece declarar o fim de um trecho da vida, o desfecho de um fato a que se deu causa ou não.

Nunca aprendi a conviver com as despedidas. Elas são como o fio cortante de uma espada contra o peito do outro. Quando acontece uma despedida, é como se marcasse o fim da estrada que se percorria com alguém. Não é a despedida, o mais difícil, mas a consciência do final da caminhada com aquela pessoa, a certeza de que a história terminou e não tem mais volta. É o “nunca mais” que assusta, atormenta, entristece e cria a dificuldade de dizer adeus a pessoas, fatos e situações. A esperança que não se esgota e sobrevive à perda, com ou sem adeus, aprisiona o coração da gente em laços que não se rompem, apesar da ausência e do silêncio.

Para cumprir o rito do adeus, é preciso reunir em nós toda a coragem que nos resta. Quando o convívio ultrapassa todos os limites do suportável, se não há nenhuma chance de recompor o último fio de respeito, quando o amor se despedaça, se a tristeza é muito maior do que a felicidade é chegada a hora da despedida. Não basta uma atitude e mesmo uma palavra é insuficiente para a ruptura se efetivar.

É preciso soterrar as lembranças, pois o esquecimento é quem dá o adeus que não dissemos ou não ouvimos. Somente a partir disso vem a paz com o que se viveu e, então, tudo passa a ser uma história que acabou. Enquanto nos penduramos em recordações, não há adeus definitivo. Só há rompimento verdadeiro quando arrancamos o que não tem mais razão de seguir conosco, dentro do coração ou ao nosso lado. Tudo o mais é saudade, a inesgotável fonte que abastece vínculos, mesmo os irremediavelmente perdidos.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

No silêncio da noite eu reflito



A noite de sábado estava silenciosa. As ruas e bares estavam vazios. A noite estava fria e o vento gélido teimava em soprar silencioso e calmo. Voltando pra casa o pensamento viaja indo até as veredas do passado, onde encontra situações, pessoas e histórias. Amigos antigos, como a perseverança, que me fez alcançar muito do que almejei; a determinação, que me incentivou a ir em busca dos objetivos; a alegria, que vestiu circunstâncias de sorriso; a fé, que espantou o desânimo; a coragem, que me fortaleceu para passar por cima de todos os percalços postos à minha frente e a confiança, que me fez seguir adiante, sempre firme. Lá também encontrei algumas dores em processo de cura, algumas mágoas transmutadas em perdão, algumas ofensas que com o tempo serão esquecidas.

A viagem chega ao presente onde vejo que é onde a vida pulsa, onde ela se faz. E é no presente que me concentro em ser feliz agora. Paro, olho o futuro e espero por ele sem deixar de viver o hoje. Todo o passado valeu a pena e todas as penas que vivi muito me ensinaram. De um jeito mais suave a felicidade também ensina. As lições do ontem e de agora farão o meu depois melhor. Reúno o que há de bom e me livro do que não é tão bom assim para fazer a minha viagem leve, sem bagagem de que não seja necessária.

Sou partes, pedaços, trechos, estrofes, histórias e canções. Mas busco ser sempre inteiro no que vivo e ter cumplicidade com os meus sentimentos, sem os rejeitar, acolhendo-os para melhor compreendê-los. Olho para o meu interior sem medo do que possa ver, pois quando me encaro eu mais aprendo sobre mim e sobre o que quero para os dias que ainda virão. Mais me sei quando me revejo. E quanto mais aprendo tanto mais quero entender. Às vezes, choro e lavo a alma. Depois eu sorrio, porque sempre há bons motivos. E jamais desisto de mim, pois tudo está em mim mesmo. Não procuro fora nem além de mim o que é necessário aos meus dias. Toda força, toda coragem, e determinação, tudo está no vigor do meu coração e na luz da minha alma. Posso encontrar apoio nos outros, mas somente eu posso agir em favor da minha realização e da minha felicidade. Posso receber conselhos sábios, porém é da minha escolha tudo quanto farei na minha vida. Posso ser orientado, mas somente eu posso escolher os caminhos que vou trilhar. Confio no meu poder e na minha luz. Na minha essência reside tudo aquilo que busco. E sigo assim buscando a felicidade.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Vou me jogar


Esqueço o medo,
Hoje me jogo,
Me entrego,
Os telhados de lógicas estúpidas,
E as minhas regras,
Se perderão no calor do teu corpo,
E o teu sussurro no meu ouvido será minha felicidade,
E vejo o teu sorriso,
Pedaço de eternidade gravada na minha memória.
Vem.
Adestra esse monstro que está habitando em mim.

Minha Luta




A minha luta é para dizer que não te amo mais.
Meu esforço é para dizer que não te quero

Tento me curar
Quero te tirar de mim
Assim como dizes que me tiraste de ti

Não quero mais
Embora o teu beijo
Seja o melhor

Não quero mais que o teu corpo
Se encaixe perfeitamente ao meu

Quero esquecer
O teu perfume, teu gosto
A tua voz; a tua pele, o teu abraço
O teu toque; a tua presença
O teu olhar; o teu sorriso

Não quero mais ser teu

Te amei com pureza e verdade
Esqueci os medos, joguei fora as culpas,
E te amei com todas as minhas forças
Te Amei por inteiro.

Te amar me deu vida
Me trouxe paz

Te amava de uma forma que jurei ser eterno
Pois era teu meu coração
Amava intensamente, amava com emoção.
E me alucinava...

Eu te amei. Chorei por você
Cada gota que caia dos meus olhos
Era por amor a ti

Tu eras o meu destino
Meu presente e meu futuro
Me fazia viver mais e mais...
Agora chega! Não quero mais te amar.

Tuas palavras frias e insensíveis me perfuraram como espinhos,
Luto para que não vivas mais em mim

Todo meu amor, eu te dei
Você desdenhou, pisou, machucou com palavras,
Você me fez chorar e fingiu não ver a minha dor


Siga.


Vá! Deixa-me em paz

Um novo amor há de chegar.






Cresci ouvindo que um dia eu teria que levantar vôo, e voar pelo mundo em busca da minha felicidade. Esperei ansiosamente durante minha infância e adolescência pelo dia em que isso aconteceria. Parava, me concentrava e me via como um super-herói desses de quadrinhos. Com grandes poderes e muito potente.


Ia crescendo e cada vez mais ansioso pelo dia em que eu voaria. Nesse vôo, sonhei em ter filhos, casar, sonhos comuns a todos os garotos.


Mas um belo dia, olhei-me no espelho. Olhei-me de frente, de costas, de perfil, de todas as formas possíveis, buscando um verdadeiro sentido para começar a traçar meu plano de vôo. Mas naquele momento, vi que algo estava errado. Uma grande surpresa apoderou-se de mim. Meus sentimentos já não mais eram iguais aos que meus amigos sentiam. Meus desejos passaram a ser outros. Meus anseios eram diferentes. Naquele instante vi que minha realidade também era outra. E isso me assustou mais ainda. Tudo era muito confuso, estranho, novo e complicado, e o pior: eu estava sozinho.


Momentos difíceis passei e muito delicados. Não fugi do espelho e, num outro dia resolvi encará-lo novamente. Naquele momento depois de passar por uma pedra de amolar, vi que não estava desgastado, mas afiado, e encontrei ali o Lameck que um dia sonhei que existia.


Percebi que por mais que eu viesse a fraquejar em alguns momentos, poderia sim existir um herói dentro de mim, bastava eu ter a coragem de encarar o mundo de frente e dizer: “estou aqui”.


O tempo passou e aquele momento que um dia tanto busquei chegou. É a hora de alçar vôo.


Tudo foi muito difícil, mas sabia que todos aqueles acontecimentos era uma alavanca que impulsionaria o meu vôo.


Imaturo, inexperiente, cheio de dúvidas e medos, sem saber ao certo para onde ir, eu voei. Sai em busca do caminho da tal felicidade. Na minha visão romântica, achei que o mundo era cor de rosa como via em filmes e novelas. Todavia percebi que voar não era tão fácil. Desistir? Pousar e voltar? Não. Resolvi seguir em frente.


Voando, enfrentei gaviões, caçadores e todo tipo de perigo que nunca havia imaginado encontrar, ou até mesmo nem sabia que existia. Com coragem e usando aquela capa heróica que a vida nos dá cheguei a um determinado lugar. No caminho havia encontrado a companhia para o vôo ser mais tranqüilo. Então resolvemos criar o nosso ninho. Em um local alto e acima de todos os perigos nos instalamos, botamos ovos que representavam o amor, a felicidade, a confiança, o respeito, a alegria e todos os sentimentos que iluminavam aquele momento.


Acreditei que o ninho no alto de uma árvore iria me deixar longe dos perigos da vida. Mas aí descobri que serpentes escalam árvores e que gaviões sabem pousar.


Mais uma vez enfrentei de frente os perigos e quando achei ter vencido percebi que lobo se veste ovelha e que o patinho lindo nem sempre é o protagonista de uma história. Me desiludi, sofri, desacreditei. Vi meus sonhos irem ao chão. Tudo o que sonhei estava escorrendo por entre meus dedos como areia. Meus sonhos não eram exatamente como imaginara. E vi o mundo ruir e a minha companhia ser levada para longe de mim. Um lugar que por mais que eu voasse, não conseguiria alcançar.


Naquele momento, me entreguei. Fiquei exposto aos raios de sol, e minhas asas foram perdendo forças. Prestes a me entregar totalmente, levantei-me e percebi que era hora de levantar vôo novamente e abandonar aquela vida cheia de dores, de perigos e incertezas. Um a um fui quebrando os ovos e a cada ovo quebrado era uma facada no coração. Estava afogando meus sentimentos no fundo da alma para evitar mais sofrimentos. Então novamente eu parti.


Não quis mais voar. Resolvi caminhar acreditando que seria mais seguro e menos doloroso caso houvesse uma segunda queda. Escolhi o caminho e segui rumo ao horizonte, triste por ter perdido minha companhia, por ter que abandonar tudo, mas esperançoso que o melhor de Deus estava por vir.


Caminhei dia e noite. Os mesmos perigos encontrei. Mas já talhado pela vida, sabia como dominá-los. Então, me deparei com novos acontecimentos. Encontrei com pedras que como mágica apareciam no meu caminho e dificultavam a minha chegada em algum lugar. Sentei e, chorando perguntei a Deus: Por quê?


Levantei a cabeça e à minha frente alguém dizia: “levante estou aqui, vamos seguir juntos”.


Naquele momento um sorriso brotou em meus lábios e voltei a acreditar novamente no amor, nas pessoas.


Muitas dificuldades enfrentamos e juntos superamos os obstáculos da vida, construímos uma base e os ovos que antes eu havia quebrado foram substituídos por aço, acreditando que seriam mais resistentes. Porém, quando tudo parecia bem, quando já me enxergava como aquele super – herói que tanto sonhei, descobri que o aço também é frágil e que em meio ao fogo ele derrete e depois da chuva volta a endurecer em outro formato.


Vi minha vida e meus sonhos desabar diante dos meus olhos, minha história passou de conto para sonho. Descobri que todos aqueles desejos que um dia havia sonhado realmente eram sonhos.


Descobri que o caminho não importa, pois as dificuldades sempre vão existir. Hoje estou aqui, na dúvida. Recomeço ou desisto para sempre? A resposta pode estar diante dos meus olhos. Mas o medo e outros sentimentos talvez tapem a minha visão.


Antes de tudo, o que preciso saber é o porquê a cada conquista uma nova derrota? Porquê o recomeço é sempre meu ponto de partida? E o porque tenho que viver sempre em busca dessa tal felicidade? Porque no final tenho sempre que quebrar os ovos? Porque momentos felizes duram menos que os perigos? E o porquê ainda insisto em amar?

De volta aos devaneios



Depois de um tempo sem nada postar neste espaço, resolvi voltar.

Graças ao incentivo da minha amiga Milena Palha.

Gosto desse espaço, pois abro o meu coração e me mostro. Abro a minha vida, que é um livro.

Mas aberto no capítulo que achar que os outros podem ler.







Estou aqui!

  No meio das voltas e reviravoltas, aqui estou eu. Mesmo quando a vida parecia virar as costas e os supostos "amigos" desaparec...