sábado, 15 de junho de 2019



É engraçado como em alguns momentos temos dificuldades de acreditar que muitas vezes o menos vale mais: menos dinheiro pode fazer com que valorizemos melhor a vida; menos trabalho pode fazer com que vivamos com mais qualidade de vida; menos preocupações podem tornar a nossa vida cheia de surpresas. O poder que "o pouco" tem é subestimado pelo medo que temos de nos arriscar a ser parte de uma minoria.


Valorizemos as pequenas coisas e elas serão tão grandes quanto podem ser; menos tempo de receios pode nos dar mais tempo de confiança; apenas 20 dias de felicidade podem ser suficientes para apagar oito anos de solidão. Ah, o valor que o tempo tem... Precisamos nos arriscar um pouco mais, nos permitir. Sem medos!






Em alguns momentos, nas nossas relações humanas, temos que ser mais vista grossa do que amparo, mais silêncio do que escuta, mais separação do que se admitir invadir por dores que não nos pertencem.


Às vezes pensamos que ser assim é ser desumano, apático, frio, insensível. Entendemos que se não escutamos, não acolhemos, não compartilhamos da dor do outro, dos problemas de alguém, da carência, estamos sendo individualistas. Mas fato é, que se fechar e se resguardar pode ser uma atitude muito altruísta.


Desconhecer falas impregnadas de rancor, afastar-se de afrontas banais, criar silêncio onde havia uma enxurrada de agonias e expressões é uma forma de anular círculos viciosos, irromper uma energia que não está se transformando, mas apenas se difundindo.


Alguns momentos alguém pode se abrir, falar, desabafar para conseguir auxílio, para se observar de fora, para instruir-se e transformar sua energia. Mas, tantos outros momentos, os desabafos não têm esse tom de transformação, eles são exclusivamente apegos à dor, a vitimização, procurando um ouvido, um coração para fazer morada e legitimar ainda mais essa verdade, esse apego.


Se ouvimos e adentramos na dança, se absorvemos as lamentações, se nos amargamos com os clamores desregrados, se nos impacientamos com afrontas banais, a gente coopera para que a doença se espalhe e desenvolva. Ela ganha potência, ganha confiabilidade, a maré prossegue.


Às vezes, as pessoas desejam se alimentar dessa forma de atenção, às vezes esse fardo que acarretam é a maneira que elas descobriram para se sentir importantes. Mas este é um alimento fraco, sem vitaminas, não consegue os planos intensos da alma. Estes são mantimentos fracos para a alma. Satisfazem por determinadas horas, tomam as crateras das dores, os vácuos existenciais, mas não acarretam modificação e uma paz mais intensa.


A alternativa de alterar a maneira de ver e de ser no mundo, para ser mais leve, autônomo emocionalmente e com uma boa resguarda de amor próprio, demanda aprendizado, consciência, vontade, esforço e prudência constantes.


Nem todos estamos preparados a empreender esse peregrinar. Mas se estamos, se já sabemos se autoconectar e sarar as próprias consternações, com auxílio sim, mas sem dependência total, creio que a gente tem igualmente que atribuir limites, tem que escolher não se oferecer sempre, tem que lavar as mãos e cerrar os olhos para o que não é nosso. Se percebermos que escutar não está auxiliando, que a troca está sendo desequilibrada, que o que está chegando até nós é exclusivamente detrito existencial sem desígnio de ser reciclado, é melhor a gente sair do barco, porque ele está furado.


Muitas vezes não conseguimos cooperar para que as ocorrências se reconstruam e apropriadas energias prosperem. Então que a gente desampare, mesmo que por um tempo, que sigamos adiante, que deixemos o vento levar. E se não existir vento, que a gente faça ventar.

Estamos correndo na direção certa?




Hoje acordei mais pensativo que o normal. Talvez por conta dos últimos acontecimentos, por pensar nas minhas decisões futuras e podendo enxergar com mais clareza as coisas que realmente valem a pena em nossas finitas vidas. Ligando baixinho o som do computador, ouvi na voz da Maria Bethânia – Tocando em Frente – que começa já dizendo o mais importante para mim que é “Ando devagar porque já tive pressa...” e foi ai que me atentei para a atitude mais corriqueira que podemos identificar ultimamente na gigantesca maioria das pessoas: a PRESSA.

Você já reparou como hoje todos estão sempre com pressa? Já notou como todos nós estamos sempre tentando evidenciar aos mais próximos o quanto somos atarefados e abarrotados de compromissos? Se encontramos com alguém que não víamos há um tempo, logo diz que é o tempo, que é o trabalho, que é isso, aquilo e, assim, muitas coisas essenciais, vão ficando para trás, como a atenção, o convívio e o cuidado com familiares e amigos.

São pessoas correndo de um lado para outro, sempre atrasadas e com os olhos em alerta em busca de um objetivo ou compromisso que muitas vezes nem elas mesmas sabem exatamente o que é. A nossa volta podemos ver como pessoas próximas estão tão obcecadas com suas rotinas sem se darem conta disso.

Os dias estão passando muito rápidos e estamos vivendo, com pressa e sem qualidade de vida. Por quê? Onde iremos chegar com esta maneira de viver?

Não sabemos o que o futuro nos reserva, e muitas vezes não nos damos conta no que estamos nos transformando. Estamos cercados de pessoas sem a mínima capacidade de ouvir o próximo, sem acolher a dor alheia, incapazes de atitudes de carinho, sem empatia e correndo em direção de sei lá o que.

Estamos correndo o dia todo para chegar aonde mesmo?

Precisamos desacelerar. Respirar, escutar, acolher. Não nos cobrar tanto. Precisamos cuidar mais de nós. E cuidar de quem corre ao nosso lado.

quarta-feira, 1 de maio de 2019




Não sei quando a humanidade chegou a este ponto, mas tudo parece mais complexo. Falta empatia! A falta de empatia é o câncer do mundo, mas sua presença, a cura dele.
Se relacionar com alguém sem empatia, incapaz de ficar feliz com a sua felicidade ou sofrer com seus problemas, significa conviver com alguém que será sempre, em algum grau, apático às suas dores. E pior: mesmo que haja um empenho, dificilmente conseguirá índices aceitáveis, pois a verdadeira empatia é uma capacidade inata na qual o egoísmo cede gentilmente o lugar ao desprendimento. Portanto, não basta querer, ou tem ou não tem. Se envolver com quem não constitui uma conexão emocional empática é doloroso, desgastante e um assassinato da autoestima em câmera lenta.
Ninguém nasce forte e estar no auge não pode fazer ninguém se esquecer do caminho que trilhou até lá. Se verdadeiramente, depois de tudo o que passamos, vemos e ouvimos, não conseguirmos sentir, não conseguirmos ser solidários à dor de alguém, realmente nós temos muito o que temer do futuro. 

Estou aqui!

  No meio das voltas e reviravoltas, aqui estou eu. Mesmo quando a vida parecia virar as costas e os supostos "amigos" desaparec...