Em seus caminhos nômades
Nos passos de sua sina cigana
Andarilhos destinos andar andou
Com partida da Vila do Mocha
Alma lavada no riacho da pouca vergonha
Rompido o cordão umbilical
Apartadas as metades
Viramundo montou a calda de uma estrela
E se enveredou em sonho de circo
Foi forjado na periferia da cidade grande,
Na noite, nos becos, vielas, botecos, boates,
Cinemas pornôs e cabarés.
Seu sangue fortaleceu e engrossou na casa de recuperação.
Sua força e coragem se fizeram nas crinas da madrugada.
A brisa penetrando os poros.
A vista embaçada
pela garoa,
Fina flor do norte se envenenando com monóxido
De carbono na
locomotiva de aço.
A cidade em estado
de febre e tecendo o fio
De sua história nos escombros da noite
O coração em ebulição fez desse menino um homem.
Anjo barroco, em tudo moderno e arcaico
De tudo medo e coragem.
No peito um ser-tão forte ,
A crença em Deus
O corpo fechado
O jeito de quebrar qualquer quebranto
E desviar qualquer mal olhado
Sem deixar a espinhela cair.
Em suas estradas de ferro,
Aprendeu a sobreviver nas cidades de sua grafia,
A geografia da seca gravada em sua pele,
O destino quixotesco, ele roubou princesas de castelos,
Encontrou tesouros, foi trapezista, santo e feiticeiro,
Dançou na noite com anjos e demônios, foi marinheiro,
Deixou um amor em cada porto, brigou com redemoinhos,
Dançou na corda bamba, equilibrou-se em um de sonho alado,
E nunca se esqueceu de ser feliz,
Porque a vida é teatro mágico
E ele é várias faces de uma mesma história.
*Poema feito às 02h30 da manhã, em parceria com Edilberto Vilanova, via Facebook.