segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

domingo, 5 de dezembro de 2010

Tem certas coisas que eu não sei dizer






Nos últimos dias, ou melhor, meses, a vida tem me proporcionado lições incríveis. São ensinamentos que ora vem claramente, cristalino, ora me vem de forma que preciso sofrer um pouco para entender que lição está ali por trás.

É como disse Cecília Meireles: “Aprendi com a natureza a me deixar cortar para voltar sempre mais inteira”.

Nesse período tenho me cortado muito, passado por dores que julgava ser insuportáveis. Houve momento, que quando dava grandes e escandalosas gargalhadas estava na verdade querendo esconder as dores e soluços do meu coração. Houve momentos em que meu coração sangrou, por amar demais. O amor que sentia era tão forte, e dar esse amor, a quem por momentos vi que não valeu a pena, foi como um punhal cravado em minha alma. E meu coração sofreu...

Mas valeu a pena sim. Ficaram cicatrizes. Mas elas me lembram do quanto fui feliz, de quantas lições eu tive por amar demais, amar demais quem não era digno desse sentimento. Das noites em que fiquei sem pregar o olho por pensar na “pessoa amada”. Quando olho para as cicatrizes lembro-me de quanto “clube social” comi para conter a ansiedade de ficar olhando para o telefone a espera de uma ligação. Ligação que nunca veio. Quando vejo essas cicatrizes, lembro dos encontros que nunca ocorreram por que quem vinha ao meu encontro, no caminho encontrou algo mais interessante a fazer do que estar comigo. Vendo minhas marcas, vejo também o travesseiro que guardei para a cabeça de quem amava, e esta cabeça nunca veio repousar ao meu lado. Minhas cicatrizes, me lembram as vezes em que ouvi “eu te amo” apenas para me fazer feliz por um instante. Essas marcas me lembram o dia triste, em que em meio às lágrimas, pensei em pedir: “se o amor acabou, minta. Continue a dizer que me ama. Não quero a verdade, quero é ser feliz”. Mas também olho para estas cicatrizes e fico feliz, por que quando mais estava fraco, consegui forças e não disse isso. Por isso valorizo cada uma das minhas cicatrizes, elas me fazem lembrar do quanto sofri.

Onde e quando não estamos aprendendo? Quando essa aprendizagem termina? Nunca. A vida sempre nos ensina; as pessoas e as situações, os acontecimentos, todos eles nos ensinam.


Por um instante achei ter virado a página. Um novo amor chegou. Como nunca, fui feliz!! Mas a vida trouxe e para longe levou. Doeu, fiquei triste, questionei a Deus por que isso. Mas, mais uma vez aprendi a suportar esse percalço e me fiz forte. Minha batalha, passou a ser o tempo, a distância. Ganhei novos e inesperados amigos: o telefone, o computador, tudo para aliviar a saudade que me consumia a cada dia. A distância fortalece, amadurece, mas também provoca esquecimento. Na distancia outras possibilidades surgem, novas amizades, novos amores. E tudo se esvai. Fica apenas um coração que amou...

Me defronto com experiências sempre novas. Novas emoções, novas sensações, novas vivências. E confesso que às vezes nem sei como lidar com tudo que acontece. Às vezes queria entrar numa concha deixar que as situações se acomodem e só depois sair de lá. Às vezes fico indeciso. E indeciso, paro. Ai preciso mais do que nunca dos amigos, que felizmente nesse quesito sou abençoado. Poucos. Mas raros e necessários. Sem eles desabaria! Também se aprende errando. Aprende-se arriscando, Aprende-se com a imobilidade. E eu tenho me feito um constante aprendiz!!

Para estar mais forte hoje, cortei minha carne, fui às profundezas das minhas entranhas, em busca de forças. Sozinho, chorei noites inteiras, amarguei terríveis insônias. Sozinho. Não por não ter com quem partilhar. Mas por que era preciso estar só pra descobrir, que precisava me cortar para voltar mais forte.

Não sei se já estou assim, mais forte. Mas ao menos já consigo olhar para trás, e não me ver mais tão dependente de um sentimento que me escravizou.

Kalil Gibran dizia que “O verdadeiro amor nunca acaba, apenas se transforma”. Não sei ainda no que o meu se transformou. Espero que com o tempo, ele seja ao menos uma boa amizade.

Tenho certeza, que as escolhas que fazemos, é que ditam a vida que levamos. Estou sendo verdadeiro com meus sentimentos. Ao menos tenho tentado. Sinto que é hora de voar... Como uma borboleta estou me desfazendo de um casulo que me prendeu por um longo tempo...


P.S. Essa crônica é um e-mail enviado à minha amiga Milena Palha, compartilhado também com os amigos Adaljerry Ferreira e Martinha Viana, em 02/12/10 às 00h12.

Estou aqui!

  No meio das voltas e reviravoltas, aqui estou eu. Mesmo quando a vida parecia virar as costas e os supostos "amigos" desaparec...