sábado, 2 de fevereiro de 2008

Piedade, Senhor, Piedade.


Piedade, Senhor, se amo!
E por tal, condenado sou.
Somente quero, nada mais...

Professo que meu desejo de amar
É maior a que qualquer preceito imposto,
Pois o amor não é vendável e nem escolha tem.

Insosso deleite que nutre os ocultos prazeres.
Vituperam-me os olhos alheios pungentes.
O egrégio sentimento de chofre torna-se vulgar.

Invejam-me as criaturas banais por ser amado
Nesse pântano que chafurda o querer bem.
Se amar é um ópio, vicio-me a fim
De envolver meus lábios, afobados e sôfregos,
No corpo forasteiro que tenho enfim,
Tal qual a brisa nos campos de trigo.

Piedade, Senhor, pois humano sou!
Escravo dos instintos da alma e da carne.
Um beligerante pelo bel-prazer de amar
Sem censuras, loucamente nu, apenas...

Escorro o escarro do mundo fátuo.
Fiz do amante próximo meu bálsamo.
Do medo atroz um aliado beatífico.
Da igualdade incerta um sonho acordado.
E do momento finito um prazer indelével.
Da lamúria cotidiana uma ode à felicidade!

Vozes ao vento ressoam o fim da tempestade:
Honrai-nos, portanto, o amor chegou!

Um comentário:

Anônimo disse...

Wauuu..kara isso aqui foi muito bom !!
Rico.

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